Pirâmides da Memória: Mehdi Ben M’ Barek e suas histórias circenses

Trajetória de vida e obra de Mehdi Ben M’ Barek

Projeto: Pirâmides da Memória: Mehdi Ben M’ Barek e suas histórias circenses

Responsável: Daniel de Carvalho Lopes e Erminia Silva

O projeto “Pirâmides da Memória: Mehdi Ben M’Barek e suas histórias circenses” vem sendo desenvolvido há aproximadamente oito anos por Daniel de Carvalho Lopes e Erminia Silva, e tem como objetivo destinar visibilidade à  trajetória de vida e obra de Mehdi, artista circense aposentado nascido na Alemanha que atuou em diversos circos e teatros na Europa e Brasil e se especializou em acrobacias de solo, pirâmides humanas e cama elástica.

Todas as imagens que compõem esta produção pertencem ao acervo particular de Mehdi Ben M’ Barek e possuem autorização do artista para a publicação exclusiva no www.circonteudo.com.br

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Mehdi Ben M’ Barek, acrobata circense, nasceu na Alemanha na cidade de Magdeburg, em 15 de maio de 1942.

Seu pai, Mohamed Ben M’ Barek, nascido em 1909, era marroquino e a mãe, Margaretha Bernard (depois Margaretha Bernard Ben M’ Barek), acrobata e dançarina circense, era Austríaca, nascida em Viena (Seu nome artístico era Gretel Ben Hali)1.

                    

Mohamed Ben M’ Barek, pai de Mehdi Ben M’Barek, por volta de 1925, na Alemanha, no período em que trabalhava no Circo Sarrasani, e Margaretha, conhecida artisticamente como Gretel Ben Hali, mãe de Mehdi Ben M’ Barek, por volta de 1942

     

     O pai de Mohamed, o qual Mehdi não conheceu e não se lembra do primeiro nome, era alfaiate e possuía o sobrenome de Ben M’ Barek. No entanto, Mohamed saiu do Marrocos ainda criança com um rapaz que era artista e empresário circense e este o registrou como filho, atribuindo-lhe o seu próprio sobrenome, “Ben Abdesslam”.

     Com a independência do Marrocos (1956), Mohamed foi atrás de suas origens e descobriu que seu pai biológico portava o sobrenome “Ben M’ Barek” e, quando Mohamed e Mehdi vieram para o Brasil em 1959, adquiriram novos passaportes e solicitaram a alteração de seus sobrenomes para Ben M’ Barek, em referência ao pai biológico de Mohamed2.

    Mohamed Ben M’ Barek saiu do Marrocos junto com o pai adotivo aos 10 anos de idade e nunca mais voltou. Integrando a trupe de seu pai adotivo, trabalhou por 08 anos no Circo Sarrasani3 e se especializou como portor em pirâmides humanas, apesar de não ser muito forte corporalmente. Uma curiosidade a respeito desta atuação de Mohamed como portor é o fato de que ele possuía problemas nos joelhos desde muito jovem, o que o impossibilitava de ser também saltador, como era comum entre os piramistas, mas permitia que ele se especializasse na portagem. Na época de sua permanência no Circo Sarrasani, um jornal da Alemanha divulgou as pirâmides que realizava como um recorde mundial, e Mehdi acrescenta que era difícil fazê-las pois necessitava também juntar umas 20 pessoas numa só trupe, o que significava um alto custo aos empresários de circo4.

              Apresentação final do Circo Sarrasani com sua imensa companhia, composta pela trupe de acrobatas marroquinos denominada Mogador (4º fileira da direita para esquerda), da qual fazia parte Mohamed Ben M’ Barek (1927, Dresden, Alemanha) e Trupe Mogador no Circo Sarrasani em 1928, Alemanha.

     Essa trupe que atuou no Sarrasani era possivelmente uma conjuntura de trupes do empresário Mogador. “Os Mogador” foi também uma grande trupe dirigida por este empresário e se dividia em várias trupes composta de vários integrantes, dirigidas por diferentes chefes/gerentes e que trabalhavam em lugares distintos.

     Mohamed e o avô de consideração de Mehdi trabalharam com uma dessas trupes e, em determinado momento, um dos gerentes de um dos grupos Mogador recebeu um convite para montar uma trupe com no mínimo 20 pessoas para trabalhar no Sarrasani, pois este circo contratava essas trupes grandes. Esse gerente assinou o contrato sem o empresário Mogador saber e, apesar disso, esse acabou concordando com a proposta e acabaram por juntar cerca de três trupes do Mogador e fizeram a imensa trupe capaz de montar grandes pirâmides humanas. Nessa época do Mogador, o pai do Mehdi era bem jovem, tendo por volta de 15 anos.

     Após oito anos no Sarrasani, a trupe se desmanchou e Mohamed migrou por várias trupes. Depois, na década de 1930, Mohamed criou sua própria trupe, que foi batizada com os nomes de Sidi Mohameds, Sidi Daud e Ben Hali.

   

Trupe 11 Sidi Mohameds, montada por Mohamed Ben M’ Barek depois que deixou o Circo Sarrasani.1932, Teatro Scala, Berlim, Alemanha (De baixo para cima, Mohamed é o segundo à esquerda) e Trupe 7 Ben Halis, fundada por Mohamed Ben M’ Barek na década de 1930. Na foto lê-se “Os sete Ben Hali, a mais bonita e elegante trupe árabe”. 1937, Alemanha.

     Com a eclosão da II Guerra Mundial, a trupe ficou composta por Mohamed, Margaretha, esposa de Mohamed, que era dançarina circense e já compunha as pirâmides em fins da década de 1930, e um colega chamado Bob5, e possuíam dois números cômicos apresentando-se como “Trio Orcha”: um era de “zebra cômica” (o pai e o amigo eram a zebra e a mãe a domadora) e o outro um número que Mehdi não especificou. Margaretha também trabalhava como dançarina e os três vendiam espetáculos em diversos lugares. Depois foram acoplados ao grupo um mágico e um faquirista, e assim montaram uma companhia que trabalhava durante a guerra entretendo militares, em hospitais, abrigos, praças, teatros e diversos espaços em troca de comida e alojamento. Nessa época Mehdi nasceu, em 15 de maio de 1942, na casa de uma colega do pai conhecida como Sra. Kuz, em Magdeburg, Alemanha.

   

Os artistas Bob, Margaretha Ben M’ Barek e Mohamed Ben M’ Barek a caráter para o número cômico de Zebra adestrada, durante o período da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), na Alemanha; e Trio Cômico Orcha, de Mohamed, Bob e Gretel, no período da Guerra, por volta de 1943.

     Em 1946, Mohamed passou a trabalhar no Circo Barum, no qual faziam um número da Zebra e o outro cômico, em três pessoas. Mehdi não tinha quatro anos completos ainda. Nesse mesmo ano, o dono do circo insistiu para que Mohamed refizesse a trupe Ben Hali para atuar em seu circo, indo, então, atrás de contratar acrobatas marroquinos na França bancado pelo dono do Barum. Mohamed retornou em abril de 1946 com mais quatro artistas, somando um total de sete pessoas contando com ele, a esposa e Bob.

     Mehdi, no período com quatro anos completos, tornou-se o sétimo integrante6 (uma curiosidade é que os sete Ben Hali na verdade eram oito, pois sempre precisava de um reserva para o caso de acidentes e que ao longo da existência do grupo muitos variou bastante seus integrantes). Naquele ano de 1948, Margaretha não estava nas pirâmides, mas trabalhava nos bailados. No período de atuação na Europa em circos, Mohamed, Bob e Margaretha, junto com o outros integrantes dos Ben Hali, tinham várias entradas: a Zebra, pelos três; cerca de quatro Danças, por Margaretha (Gretel Ben Hali); Bob tinha um número solo; Mohamed fazia um número cômico… ou seja, tinham várias entradas no espetáculo, ainda mais porque havia os outros membros dos 7 Ben Hali.

     Depois de sua estreia aos quatro anos nos 7 Ben Hali, Mehdi permaneceu na Europa até seus 16 anos, sendo que até aproximadamente seus 12 anos ficou trabalhando somente na Alemanha. Depois desse período, a partir de 1957, excursionou para Checoslováquia, Hungria, Áustria, Iugoslávia, Dinamarca, Noruega e Suécia, até partirem para o Brasil no ano de 1959 para trabalharem no Circo Garcia.

                      

Mehdi Ben M’ Barek, em 1951, junto com um filhote de leão no Circo Plötz Althoff, na Alemanha; Trupe Ben Hali no Circo Schickler, em 1947, Alemanha, com Mehdi Ben M’ Barek no topo da pirâmide (com aproximadamente 5 anos) e Mohamed Ben M’ Barek na base; e integrantes da trupe Ben Hali no Teatro Lindenhof, em 1952, na Alemanha. Da esquerda pra a direta: Mario, Mohamed Ben M’ Barek, Werner, Bob, Hussain, Fátima, Angela e Mehdi Ben M’ Barek

     De sua estreia até a vinda para o Brasil, Mehdi se recorda de ter trabalhado no seguintes circos, anos e países:

1942

Alemanha

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Mehdi Ben M’ Barek nasce em Magdeburg, Alemanha.

1946

Alemanha

Circo Barum

1947

Alemanha

Circo Schickler

1948

Alemanha

Circo Holzmüller

1949

Alemanha

Circo Williams

1950

Alemanha

Circo Fischer

1951

Alemanha

Circo Plötz Althoff

1952

Alemanha Oriental

Circo Barlay, Teatro Kaiserhof e Teatro Lindenhof

1953

Alemanha

Circo Brumbach

1954

Alemanha

Circo Brumbach

1955

Alemanha

Circo Brumbach

1956

Alemanha

Circo Brumbach7

1957

Noruega

Circo Empress

1957

Áustria,Viena (Novembro)

Teatro Ronacher

1957

Hungria, Budapeste (Dezembro)

Circo fixo de Budapeste

1958

Iugoslávia (Janeiro)

Teatro de Sagep

1958

Checoslováquia, Brno (Fevereiro)

Teatro de Brno

1958

Checoslováquia, karlovy vary (Março)

Teatro de karlovy vary

1958

Dinamarca (abril)

Circo Miehe

1958

Alemanha (Outubro e Novembro)

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1958

Checoslováquia, Praga (Dezembro)

Teatro de Praga

1959

Checoslováquia, Brno (Janeiro)

Teatro Rozmarýn

1959

Checoslováquia, karlovy vary (Fevereiro)

Teatro de karlovy vary

1959

Alemanha (Março)

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1959

Brasil (Abril)

Circo Garcia

Parte para o Brasil saindo da Alemanha para Gênova, Nápoli e Lisboa. De lisboa embarca no navio, passando pela Ilha da Madeira e chegando no Rio de Janeiro (Maio). Do Rio foram oara São Paulo e, depois, para Recife.

     Mehdi se especializou em Pirâmide, Saltos e em Cama Elástica, como um segundo número. O número de Cama Elástica levava o nome de três Mehdis, pois era composto por Mehdi, Angela e o irmão dela, Frank, e foi concebido por Mohamed ainda na Europa, sendo realizado nos países europeus por mais integrantes8. Na trupe de Pirâmides, todos os integrantes tinham uma especialidade de saltos e que, a partir de 1953, quando estavam trabalhando no Circo Brumbach, na Alemanha, Mohamed confeccionou figurinos de marinheiros para toda a trupe, que passou a ser conhecida como “Os 7 Ben Hali, os Marinheiros do Deserto”.

              

Trupe Ben Hali no número de Cama Elástica no Circo Brumbach, entre 1953 e 1956, na Alemanha; e Trupe 7 Ben Halis como “Os Marinheiros do Deserto”, no Circo Empress, em 1957, na Noruega. Mehdi Ben M’ Barek está na direta da pirâmide, deitado.

     Mehdi relata que não realizava muito bem o “salto marroquino”9, mas que seu pai, quando contratava aristas, selecionava aqueles que dominavam bem o “salto marroquino” e diferentes outros saltos, não havendo praticamente repetição das acrobacias de solo durante as exibições. Um diferencial da trupe era que eles montavam bem rápido as pirâmides, com bastante dinâmica. Isso, segundo Mehdi, foi o que fez o nome da trupe ficar famoso ainda na Europa. Além das pirâmides, acrobacias e Cama Elástica, Mehdi também atuou quando criança em número cômico em que representava um domador que adestrava uma zebra figurativa feita pelas acrobatas Angela e Fática, semelhante ao que seu pai e sua mãe realizavam no período da segunda guerra e, também, atuou em um número equestre com vários artistas ambientado no universo dos cowboys norte americanos e com exibições de laços e chicotes.

 Mehdi Ben M’ Barek atuando como domador no número cômico de Zebra adestrada, em show num restaurante dançante no inverno de 1955, na Alemanha; e Mehdi Ben M’ Barek e seu cavalo chamado César a caráter para o número de Jóquei realizado com trupe equestre no Circo Brumbach. 1956, Alemanha.

     No período em que estavam na Europa, Mehdi narra que trabalhava de oito a sete meses em Circo, depois, no inverno, os circos fechavam e a trupe ia para Teatros. Assim, no inverno, os empresários de teatros contratavam companhias circenses para trabalhar, sendo que os cartazes que Mehdi possui da Checoslováquia, Dinamarca, etc. são em sua maioria de atuações em Teatros.

   Mehdi Ben M’ Barek em barraca no acampamento do Circo Empress, em 1957, Noruega; os 7 Ben Halis como “Os Marinheiros do Deserto” no teatro Ronacher, em Viena, Áustria, em 1957 (da esquerda para a direita: Merian Yasmim Ben M’ Barek [irmã de Mehdi, com 5 anos de idade], Fank, Angela, Picolo Mehdi Ben M’ Barek, Larussi, Mohamed Ben M’ Barek e Buker]; e os acrobatas Picolo e Angela, da trupe Ben Hali, de frente para o poster da segunda temporada dos 7 Ben Halis em Brno, Checoslováquia, em janeiro de 1959.

     No ano de 1955, quando trabalhavam no Circo Brumbach, a trupe 7 Ben Hali e demais artistas do circo participaram da gravação do filme Lola Montez, dirigido por Max Ophüls e gravado na Alemanha, sendo este considerado um dos mil maiores filmes já realizados. A narrativa da obra se passa no século 19 e aborda a trajetória de Lola Montez, famosa dançarina e cortesã que levou uma vida agitada e altamente escandalosa. Ela foi amante de vários homens europeus importantes, e que passou a ser atração de circo em Nova Orleans, onde o empresário e mestre de cerimônias se tornou seu amigo apenas para explorá-la como sua atração principal. Por meio de sua performance circense, Lola narra a fantástica história da sua vida e carreira. Em um dos momentos do filme que ocorre dentro de um circo, os 7 Ben Hali (na época composta por Mehdi, Angela, Fátima, Mohamed, Bob, Werner e Lehoussain) aparecem montando uma pirâmide humana e, em seguida, realizando saltos árabes. Nessa pirâmide, Mehdi é o que ocupa o ponto mais alto10.

            

Postais de divulgação da trupe 7 Ben Halis em participação no filme Lola Montez, posando e atuando com os figurinos usados no filme. Alemanha, 1955/1956. Na primeira imagem, da esquerda para a direita: Mohamed Ben M’ Barek, Werner, Lehoussain, Bob, Fátima, Angela e Mehdi Ben M’ Barek.

     Em fins de abril de 1959, Mehdi, Mohamed e a trupe Ben Hali chegaram no Brasil. Passaram três dias no Rio, uma semana em São Paulo e viajaram de automóvel de São Paulo para Recife, exatamente no dia de aniversário de 17 anos de Mehdi (15/05), com o Romano Garcia (Dono do Circo), esposa, filho, secretário, Angela (artista da trupe) e Mohamed, num Chevrolet Bel Aire e, num outro carro, um Ford 49, estava Mehdi, Picolo, Larbi (TacaTaca) e o Juca (tio do Romano)11. Fizeram a viagem e oito dias e estrearam num circo do Romano Garcia que estava na Praia de Pina. Já em 1960, Romano Garcia, que estava trabalhando perto de São Paulo, juntou seu circo, o circo Romano com o Circo Tihany, gerenciado por Loli e Nani (filhos do velho Tihany) somando ambos os espetáculos, mas a ação acabou por não ser muito lucrativa como o esperado. Assim, os circos se separam e Mehdi e seu pai deixaram o Romano e foram para a Argentina com o Bebo Stevanovich12.

     

Os 7 Ben Halis como “Os Marinheiros do Deserto” ao vivo em programa de televisão em comemoração de fim de ano, em Praga, Checoslováquia, em 1958; Trupe Ben Hali, logo que chegaram ao Brasil, viajando com equipe do Circo Garcia de São Paulo para Recife, em maio de 1959; e Mehdi Ben M’ Barek e Mohamed Ben M’ Barek no Circo Norte Americano dirigido por Bebo Stevanovich, em Buenos Aires, Argentina, 1960.

     Uma curiosidade nesta vinda de Mehdi e seu pai para o Brasil para trabalhar com Romano Garcia é que o contrato de vinda da Alemanha para o Brasil foi feito pelo Antolim Garcia, pai de Romano, que estava com seu “Circo Brasil” na Ásia/Africa. Quando aqui chegaram, modificaram o contrato de trabalho transferindo-o para o nome de Romano Garcia13.

   Em julho/agosto de 1960, foram para a Argentina trabalhar no circo Norte Americano, de Bebo Stevanovich14. Estiveram com Bebo, na Argentina, em contrato de um ano e renovaram para mais um ano. Depois que Bebo faleceu, seu irmão Julio assumiu o circo e foram para o Uruguai e renovaram o contratado para mais um ano, até virem para o Brasil15.

  Mehdi Ben M’ Barek, Angela e Frank, membros da trupe 3 Mehdis, de Cama Elástica, em 1960, no Circo Norte Americano dirigido por Bebo Stevanovich, na Argentina; Mehdi Ben M’ Barek saltando no picadeiro em 1960, na Argentina, no Circo Norte Americano dirigido por Bebo Stevanovich; e Mehdi Ben M’ Barek, em 1962, no Circo Norte Americano dirigido por Bebo Stevanovich, em Montevidéu, Uruguai ( Mehdi Ben M’ Barek na base da pirâmide).

     Nesse período, Mehdi, que já tinha a fotografia como prática de lazer desde o período que estava na Europa, aprendeu em Montevidéu a fazer revelação, ampliação e edição de fotos com um amigo do circo chamado Herby, uruguaio que trabalhava como patinador nos espetáculos. A partir daí Mehdi passou a produzir cartões comemorativos da trupe e de seus colegas artistas e, também, revelar, fazer montagens e edições de imagem em nível mais profissional, tendo até mesmo montado um estúdio portátil com reveladores, papéis fotográficos, ampliadores, químicos etc., levava por todos os circos que passou a trabalhar, sendo conhecido pelos amigos como o “fotografo oficial do circo”.

Mehdi Ben M’ Barek fotografando em festa na cidade Santos – SP, em 1963, quando atuava no Circo Norte Americano dirigido por Júlio Stevanovich.

     Em dezembro de 1962, depois de várias atuações pelo sul do país, realizaram uma apresentação especial no Estádio do Pacaembu em um espetáculo comemorativo de Natal, organizado por Julio, e com seu circo denominado nesse momento de Real Madri.

Trupe Ben Hali em festa de natal no Estádio do Pacaembu, em 1962, com o Circo Norte Americano dirigido por Júlio Stevanovich (da esquerda para a direita: Mehdi Ben M’ Barek, Frank, Mohamed Ben M’ Barek, Larbi (Taca Taca) e Angela)

     Posteriormente, quando o circo estava indo para o Mato Grosso para depois retornar à Argentina, Mehdi, seu pai e os artistas da trupe encerraram seus trabalhos com o Norte Americano quando este estava na cidade de Andradina. Nesse momento, Mohamed já havia feito um negócio que consistiu na compra de um circo que era de Romano Garcia, em parceria com um adestrador de focas que trabalhava com eles no Tihany chamado Albert Spiller, Judeu, que tinha dinheiro para o empreendimento. No entretanto, Spiller continuou trabalhando no circo em que estava pois deviam dinheiro para ele. Ao pegarem o material do circo recém adquirido, alugaram uma casa no Jabaquara, na cidade Leonor – SP, e começaram a reformar e colocar de pé o novo circo, que posteriormente viria a se chamar Circo Marrocos, num terreno de esquina. A reforma foi muito mais demorada do que o esperado e, para não ficarem parados, conseguiram um contrato de trabalho no Circo Norte Americano de Danilo Stevanovich, que entrou na Avenida Chile, no Rio de Janeiro, com o nome de Circo Mexicano, sendo o primeiro circo a entrar depois do grande incêndio de um circo também chamado Norte Americano, em 1961. Mehdi conta que essa praça foi boa, apesar de terem tentado atear fogo nele também. Depois dessa temporada no Rio de Janeiro, eles retornaram para São Paulo com o circo e ficaram trabalhando com Danilo Stevanovich por cerca de nove meses.

                 

         Circo Marrocos, da família Barek, fundado em 1964, em foto do dia da estreia; e Bônus Escolar do Circo Marrocos.

     Em novembro para dezembro de 1963 eles foram novamente para o Rio de Janeiro com o Danilo e, quando estavam lá, Mohamed conseguiu toda a documentação de licença para o funcionamento do seu circo em São Paulo e a estreia do Circo Marrocos se deu em 31 de março de 1964, dia do Golpe Militar no Brasil. A estreia, em função do Golpe foi ruim e o circo durou apenas 10 meses e faliu.

     Logo que o Circo Marrocos faliu em São Paulo, eles receberam uma proposta do Circo de Romano Garcia. O Romano estava com o circo do seu irmão, Rolando Garcia, no Paraná, o Circo Rama, e convidou Mohamed para montar o Circo Marrocos próximo ao Circo Rama. Depois disso eles trabalharam em duas ou três praças no Paraná para pagarem as despesas e dívidas, sempre tendo a ajuda dos Garcia. Quando o Circo Rama partiu para o Mato Grosso, o Circo Marrocos conseguiu voltar para São Paulo e no fim o circo baixou sua lona definitivamente em Pederneiras – SP, a última praça.

      Nesse fim do Circo Marrocos ficou como integrantes da trupe a artista Angela (seu irmão, Frank, havia ido para a Bosch), o Tacataca, Mehdi e Mohamed e passaram a trabalhar com o Romano Garcia, que estavam com shows no Ibirapuera, com saltos e Cama Elástica. Depois, em 1966, foram para Belo Horizonte com o Romano e o Taca Taca resolveu voltar para a Europa, ficando apenas Angela e o Mehdi com a Cama Elástica.

Cartão de divulgação de Natal e Ano Novo da trupe 3 Mehdis feita por Mehdi Ben M’ Barek com desenhos realizados por uma amigo, quando atuavam no Circo Norte Americano dirigido por Júlio Stevanovich em 1962.

     Angela posteriormente teve um problema no braço o que a obrigou a deixar o picadeiro, sendo que Mehdi passou a fazer provisoriamente o número de Cama Elástica juntamente com um rapaz que atuava como palhaço no número. Ainda em 1966, em Belo Horizonte, Mehdi deixou o circo de Romano Garcia e seu pai, aproximadamente nesse mesmo período, passar a trabalhar como chefe de funcionários do Circo Orlando Orfei.

     Mehdi ficou em Belo Horizonte, em Contagem, na casa de um colega apelidado de “alemãozinho”. Por ter amizade com membros do corpo de bombeiros, em função de sempre terem soldados da corporação nos circos, acabou ingressando na instituição para ensinar saltos e cama elástica aos oficiais para que estes se apresentassem na semana de comemoração do dia dos bombeiros. O contrato dele se deu quando, no meio de um cassino em Belo Horizonte, Mehdi realizou algumas acrobacias em meio às mesas de jogo para o coronel da Corporação, para demonstrar que realmente era habilitado em acrobacias e, assim, foi contratado. Após um caminhão pegar sua Cama Elástica na casa do “alemãozinho”, Mehdi e o professor de Educação Física dos Bombeiros, Tenente Cassio, montaram o aparelho e as lonjas16 numa garagem do quartel dos bombeiros, e o trato era de Mehdi ganhar um salário e morar num pequeno apartamento na própria corporação com direito às refeições diárias no salão dos oficiais.

                     

Apresentação da turma do Corpo de Bombeiros de Belo Horizonte em que Mehdi Ben M’ Barek foi professor e instrutor de acrobacias (Cama Elástica e Pirâmides). Belo Horizonte, 30/06/1966

     No início ele teve 105 alunos dos quais ele foi dispensando semanalmente até que ficaram 12 e, antes da Cama Elástica ser transferida de uma galpão do copo de bombeiros para a garagem, o Dias Fortes, Secretário de Segurança de Minas Gerais apareceu de visita ao quartel e pediram para o Mehdi preparar uma apresentação, sendo que ele não estava nem há um mês como professor. Mehdi fez com os melhores alunos demonstrações simples e depois se apresentou para Fortes, que, entusiasmado, o convidou para entrar na corporação, se naturalizar brasileiro e fazer um curso de bombeiro para trabalhar como professor com patente de 3º Sargento, do qual acabou não aceitando, pois posteriormente Mehdi retornaria aos palcos e picadeiros circenses. Já para a apresentação do dia dos bombeiros, Mehdi montou de surpresa uma pirâmide com os alunos (base 3/meio 2/topo 1) para o encerramento e lançou a bandeira da corporação para o rapaz que ficava no topo dela agitar no final.

     Quando do fim desse trabalho de montagem de apresentação, Mehdi ficaria uns dois a três meses sem atividades com os bombeiros e justamente nesse momento apareceu na cidade o Circo Tihany, do filho do Tihany, o Loli. Mehdi ligou para a Angela, que estava em Campinas trabalhando com aulas de ginástica, e topou por um bom salário trabalhar no duo de Cama Elástica, que teve sua estreia em Vitória, Espírito Santo, em 1966. O contrato com o Loli nesse momento era de seis meses, mas Mehdi acabou ficando por três anos aproximadamente.

                   

Número de Cama Elástica do Trio Mehdis, no Circo Tihany, dirigido por Loli Tihany, em 1967; e Mehdi Ben M’ Barek (6º da esquerda para a direita) junto com grupo de patinadores do Circo Tihany, dirigido por Loli Tihany, na estreia da pista de gelo, em 1967

     Depois disso eles subiram com o circo para Belém, no Pará, e voltaram em seguida para o sudeste, onde o Tihany montou uma pista de gelo no circo. Com a pista de gelo como atração, o circo retornou para Belém e Mehdi fez patinação no gelo dançando valsa com sua ex-noiva (uma artista argentina). Nessas grandes viagens eles faziam o percurso de caminhão e trem e ficavam em hotéis.

                     

Mehdi Ben M’ Barek em número de valsa no gelo no Circo Tihany, dirigido por Loli Tihany, em 1968; e em número de Cama Elástica, em 1969.

     Após essa segunda ida ao norte, entre 1966 e 1967, foram para Curitiba, Belo Horizonte e o circo fechou. Mehdi foi para São Paulo e ficou morando num hotel e sua noiva e a família dela foram para o México com Loli para encontrar com o velho Tihany.

     Desta ida para São Paulo, passou a trabalhar com os Stevanovich, o Danilo, mas só por três meses. Após um tempo parado, passou a trabalhar no circo Hong Kong. Depois, quando estava chegando ao fim do ano, ficou em SP e conseguiu nesse período realizar várias apresentações individuais, e arrumou dezoito shows para fazer. (Nesse momento ele já havia comprado em Goiana o carro Simca Chambord Jangada, no qual levava a Cama Elástica).

     Esses shows foram agenciados por um colega de Mehdi e consistiram na apresentação da Cama Elástica por Mehdi e um amigo que era palhaço no programa do Moacir Franco e, depois de 15 dias, no programa do Flávio Cavalcanti e, na sequência, Sílvio Santos, isso tudo em fins de 1969.

     Quando Mehdi estava indo para o Sílvio Santos, num sábado, um dia antes da gravação, o pneu do Simca Jangada furou e ele, para colocar o macaco no carro, abriu a porta, baixou o vidro e colocou o ombro na abertura da porta para levantar o carro e empurrar com o pé o macaco. Nesse momento sentiu uma fisgada nas costas. Mesmo assim foi para o programa para montar a cama elástica e, no dia seguinte, domingo, apresentou-se, desmontou tudo e voltou. De domingo para segunda, na casa de dois malabaristas (Os Pereira) na qual estava morando, já não conseguiu levantar da cama.

                

Mehdi Ben M’ Barek posando com sua mini Cama Elástica para número solo, em 1969; e em apresentação solo de Cama Elástica no programa do Sílvio Santos, em novembro de 1969.

     Mesmo travado tinha show marcado para alguns dias no Circo Stankovich, do Toninho. Foi mesmo com dor e a base de remédio, iniciou a apresentação e já levou um tombo e saiu de quatro! Voltou para casa e, mesmo assim, o circo ainda levou a Cama Elástica para outras duas praças na esperança dele se recuperar, mas Mehdi voltou apensas para desmontá-la. Depois de um tempo tentou de novo e não conseguiu.

     Em função da lesão, Mehdi ligou para o seu pai que vivia no circo Orlando Orfei, em temporada no Sul do país e que estava subindo para São Paulo (chegaram em São Paulo no mês de Janeiro. Marion Brede e sua família estavam trabalhando no Orfei nesse momento). Mehdi fez tratamento, mas não tendo resultado, passou a trabalhar numa barraca de refrigerante no circo Orlando Orfei.

  Comitiva de viagem do Circo Orlando Orfei. em 1970, com as famílias Brede e Barek, quando Mehdi Ben M’ Barek passou a gerenciar o setor de vendas do circo; Mehdi Ben M’ Barek em viagem com o Circo Orlando Orfei, em 1971, subindo em caravana para o Norte, quando era ferente do setor de vendas do circo; e Bar e Sorveteria que Mehdi gerenciava no Circo Orlando Orfei, em 1972. O bar e sorveteria estava montado em um “Papa-Fila”, uma espécie de carreta que viajava com o circo.

     Foi para o Rio de Janeiro com o circo, vendeu lá sua Simca e passou a administrar a parte de vendas do circo. Depois foram para Salvador e Mehdi foi morar com o pai numa espécie de trailer (“Papa Fila”) dado à Mohamed por Orfei. Em Salvador, Orfei adquiriu uma lanchonete montada numa carreta e deixou para Mehdi tomar conta, mas Mehdi comenta que ganhava muito mal para administrar essa carreta e o pessoal de vendas. Em seguida, quando voltaram, Orfei começou com um Parque (Tivoli Parque?) na Lagoa Rodrigo de Freitas, em 1972, e Mehdi acabou indo para lá administrar vendas e 26 funcionários. Ficou mais ou menos um ano no Parque e depois voltou para o Circo Orlando Orfei e morou num trailer com sua esposa.

      Na época o pai de Mehdi já tinha o terreno no qual está, hoje, a casa do Mehdi, e, posteriormente, o pai da Marion Brede, o “alemãozinho”, comprou uma casa aqui em Barão Geraldo (Campinas SP) também, na Vila Santa Isabel. No momento da compra da casa por Brede, o vendedor comentou que seu genro estava vendendo um bar no bairro Swift, e Mehdi foi com o Brede lá ver. A Marion emprestou uma grana e Mehdi comprou, em outubro de 1973, saindo do circo e assumindo o bar em 3 de dezembro de 1973, o que fez com que se estabelecesse em Campinas junto com Jaci, sua esposa.

      Em fins de 1974 Mehdi foi para SP e passou no café dos artistas e lá ele encontrou um empresário conhecido dele chamado Chiquinho, que instigou Mehdi a refazer a cama elástica numa exposição/feira rural no sul do país com atrações circenses. Mehdi ficou com vontade e montou a cama elástica que estava com ele em Campinas, no bar da Swift, e conseguiu fazer mortal a frente e meia pirueta, mas parafuso e doble mortal não dava, mas mesmo assim o cara topou e uma Kombi foi pegar o aparelho e ele viajou com o Chiquinho, ficando 20 dias fora, em Porto Alegre. (nessa época sua 1º filha já havia nascido). Depois, já em 1975, na época do natal, apareceu o empresário circense Walter de Almeida, que ele conhecia desde 1963, e foi também com sua Kombi apresentar no circo Irmãos Almeida, fazendo alguns shows em Campinas, e depois parou definitivamente.

     Entre 1976 e 1977 ele enviava dinheiro para a mãe na Áustria para que ela comprasse uma passagem e viesse aqui visitá-lo, o que aconteceu em 17 de dezembro 1977. Maragaretha ficou um mês e meio aqui, e Mohamed, que estava com o Orfei no nordeste, veio também visitá-la. Um amigo dele emprestou um fusca para que ele levasse a mãe para conhecer o Rio de Janeiro e passearam bastante por lá (praias, cristo, ponte Rio Niterói, Pão de Açúcar). Sua esposa, Jaci, morreu em 1994, depois de dois anos que estavam em Barão Geraldo (chegaram, portanto, em 1992), no mês de março e, depois, a mãe do Mehdi morreu em maio.

     Ainda quando estava na Swift, o pai foi para a casa do Mehdi pela segunda vez, pois ele já havia ficado em outro momento com ele, pois estava com gangrena no pé, o que fez com que Mehdi o internasse no Hospital Maternidade de Campinas. O médico que tratou dele, o “Raskin”, disse que teria que amputar o pé a não ser que conseguisse um remédio que só circulava na Europa e Estados Unidos. Mehdi foi atrás do Tihany que estava em São Paulo e pediu para ele tentar arrumar o remédio e não conseguiu. Mehdi, então, entrou em contato com o Frank, irmão da Angela, que morava em São Paulo. Frank estava trabalhando como eletricista na Bosch e enviava fax direto para a Alemanha, e pediu para um colega lá arrumar o remédio e conseguiu. Em poucos dias o remédio chegou no guichê da Luftansa aqui no Brasil. O doutor “Raskin” ficou surpreso e administrou o remédio para Mohamed.

     Nesse momento em que o pai estava internado, apareceu para Mehdi a oportunidade por parte de um colega dele de trabalhar na parte de vendas de um outro circo do Tihany que ele havia comprado, o Circo Tihany Picadeiro, em São Bernardo, e que trabalharia somente em duas praças e depois se desfaria. Mehdi estava precisando de dinheiro por conta dos gastos com o pai aceitou essa temporada. Ao ir para o hospital avisar o pai, este já estava até de pé por conta da ação do medicamento. Depois de curado, Mohamed voltou para o circo Orlando Orfei e Mehdi ficou com o Tihany Picadeiro, e acabou ficando 6 anos com ele.

     Depois dessa temporada trabalhando com vendas no Tihany, entre as décadas de 1970/1980, Mehdi voltou para Campinas e mudou-se para o distrito de Barão Geraldo em 1992, onde vive atualmente.

     Abaixo, apresentamos uma relação dos circos e países que Mehdi trabalhou assim que chegaram no Brasil.

1959

Brasil (Abril)

Circo Garcia

Parte para o Brasil saindo da Alemanha para Gênova, Nápoli e Lisboa. De lisboa embarca no navio, passando pela Ilha da Madeira e chegando no Rio de Janeiro (Maio). Do Rio foram oara São Paulo e, depois, para Recife.

1960

Argentina, Buenos Aires (Julho)

Circo Norte Americano de Bebo Stevanovich

1961

Uruguai, Montevidéu (Outubro)

Circo Norte Americano de Bebo Stevanovich

1962

Brasil, Livramento – RS (Maio)

Circo Real Madrid (antigo Norte Americano da Argentina), agora dirigido por Capitão Júlio Stevanovich (irmão de Bebo)

1963

Brasil

Circo Norte Americano de Danilo Stevanovich (irmão de Bebo e Júlio)

1964

Brasil, São Paulo (Março)

Circo Marrocos

1965

Brasil, Pederneiras (Janeiro)

Circo Marrocos (Fechamento do Circo)

1965

Brasil (Fevereiro)

Circo Romano Garcia

1966

Brasil, Belo Horizonte – MG

Instrutor do Corpo de Bombeiros de Belo Horizonte – MG

1966

Brasil

Circo Tihany (Dirigido por Loli)

1967

Brasil

Circo Tihany (Dirigido por Loli)

1968

Brasil

Circo Tihany (Dirigido por Loli)

1969

Brasil

Circo Stankovich, Stevanovich, Hong Kong e temporadas em programas de TV (Sílvio Santos, Flávio Cavalcante…)

1970

Brasil (Janeiro)

Circo Orlando Orfei

1971

Brasil

Circo Orlando Orfei

1972

Brasil

Tivoli Parque – RJ (de propriedade de Orlando Orfei)

1972

Brasil

Retorna para o Circo Orlando Orfei

1973

Brasil (até Dezembro)

Circo Orlando Orfei

1974 a 1992

Brasil (Janeiro)

Bar, Restaurante e Lanchonete na Swift M’ Barek, Campinas – SP

1974

Região Sul do Brasil

Rápida temporada de trabalho numa feira no Sul

1975

Brasil

Rápida temporada de trabalho de trabalho com o Circo Irmãos Almeida, dirigido por Walter de Almeida.

Entre fins de 1970 e meados dos anos de 1980

Brasil

Temporada de seis anos com o Circo Tihany (Picadeiro)

1992

Brasil (Junho)

Bar, Restaurante e Lanchonete M’ Barek em Barão Geraldo, Campinas – SP

2018

Brasil (14, 15 e 16 de Dezembro)

Exposição sobre vida artística de Mehdi Ben M’ Barek no IV Seminário Internacional de Circo promovido pela Faculdade de Educação Física da Unicamp.

1 Mohamed e Margaretha tiveram também uma filha chamada Meriam Ben M’ Barek, que nasceu em 1952 (10 anos depois de Mehdi) e que foi também artista circense. Mehdi conviveu com ela por poucos anos, pois logo seus pais se separaram e ela ficou com Margaretha. Quando Mehdi e seu pai vieram para o Brasil em 1959, Meriam ficou na Europa com Margaretha e tornou-se artista circense. Até aproximadamente 2015, Mehdi ainda mantinha contato por telefone com Meriam.

2 Até essa alteração de seus nomes em 1959, Mehdi conta que seu nome na certidão de nascimento (a qual não possuí mais) era composto por vários sobrenomes e era algo como “Mehdi Tetlerf hans leopold Bernand Ben Abdesslam” (verificar a ortografia). “Mehdi’, do pai; Tetlerf, da mãe; Hans, da avó; Bernand, Avó, Ben Abdesslam, sobrenome do avó de consideração.

3 Em fotos do período, principalmente na da trupe Mogador realizando pirâmide aparece Mohamed e, possivelmente, o avô adotivo também.

4 Mehdi conta que pouco antes da Guerra, Mohamed foi para a Rússia tentar vender seus números e até mesmo aprendeu um pouco de Russo.

5 Bob estava com Mohamed mesmo antes da Guerra, possivelmente esteve com Mohamed no Sarrasani, portanto foi um dos integrantes da trupe mais longevos frente ao fato de que os membros da trupe eram bem rotativos. Até aproximadamente 1950 ele ficou com Mohamed e Mehdi e depois voltou para o Marrocos. Ele era bem magrinho e no número de Zebra cômica ficava na parte de trás, número que fizeram até 1948 aproximadamente, quando ficou somente a Trupe dos Ben Hali, que era composta de sete mas tinha oito pessoas em geral.

6 Antes dessa estreia de Mehdi nas pirâmides, numa das negociações de venda de número de Mohamed na Alemanha sob domínio dos Russos para uma espécie de oficial ou comandante, quando Mehdi tinha por volta de 3 anos, o comandante falou que só havia negócio se o Mehdi entrasse. Imediatamente Mohamed, quando voltou para casa, começou a colocá-lo no ombro e ele e Margaretha bolaram de inseri-lo numa entrada de 1º altura em número cômico com eles e o Bob. O comandante topou. Na estreia de Mehdi, sua entrada consistia em ele entrar no fim do número e dizer “eu também quero trabalhar”. Aí Mohamed colocou Mehdi no ombro para agradá-lo e ele pedia aplauso. O público gostou, ms na hora de colocar Mehdi no chão, ele apertou demais o menino e ele começou a chorar. No entanto, no fim do número, o comandante foi parabenizar Mohamed e disse que o garoto era muito bom.

7 O Circo Brumbach viajava permanente transportado por um trem alugado especialmente para a companhia. O trem parava em uma cidade, desmontava-se os materiais, apresentava-se e depois voltava o material para o trem que ficava na estação da cidade em que estavam atuando.

8 O número de Cama Elástica realizado na Europa era composto por mais integrantes e há fotos que retratam sua execução e os aparelhos envolvidos. Mehdi relata que quando vieram para o Brasil parte dos aparelhos da Cama ficaram na Europa. Esses aparelhos denominados de “casting” ou “catching” eram possivelmente plataformas e apoios nas extremidades da Cama.

9 Segundo Mehdi, o salto Marroquino também é chamado de “Tinscar”.

10 O filme foi gravado em três idiomas (francês, alemão e inglês) e um circo de madeira cenográfico foi construído dentro do estúdio.

11 Assim que chegaram em São Paulo vindos do Rio de Janeiro, um dos primeiros circos que assistiram foi o Panamericano, em 1959, de propriedade de Charles Barry Silva, Edmundo e Ferreira.

12 Mehdi informa que nesse período na Argentina evoluiu bastante em seu número de Cama Elástica, chegando a treinar o mortal triplo, que infelizmente não conseguia realizar nas apresentações em função da limitação das redes e molas das Camas Elásticas disponíveis no período.

13 O contrato de Mohamed se deu com Antolim Garcia, por meio de um agente. O contrato era assinado com Antolim Garcia e uma agente/empresária/intermediária alemã, que morava no Rio, Madame “Alifax”, fez a negociação. A viagem durou cerca de 20 dias. O contrato em princípio era de dois anos, com passagem de volta, mas acabaram ficando no Brasil.

14 Havia dois circos chamados Norte Americano de propriedade da família Stevanovich, sendo que um ficava basicamente na Argentina e era dirigido por Bebo (após sua morte, pelo irmão Júlio) e um ficava basicamente no Brasil, dirigido por Danilo. O Norte Americano de Bebo e Júlio também passou a se chamar Circo Real Madri por um determinado período e o de Danilo mudou rapidamente para Circo Mexicano.

15 Conforme informa Mehdi e por meio de algumas fotografias, nesta temporada de atuação com Julio Stevanovich por volta de 1962, o circo viajou pelo sul do Brasil transportado por um trem especial alugado especialmente para este fim, que transportava os artistas e materiais do circo.

16 A lonja é uma espécie de cinta fixada no acrobata e ancorada por uma ou duas cordas a uma extremidade fixa, em geral na parte mais alta do circo ou local onde ocorre o espetáculo, e tem a função de suspender o artista em caso de queda, evitando que o mesmo cai no chão.

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