Artigos

Preconceito e danos morais no conteúdo da UOL

ILMO.SR. Luis Frias

ILMO.SR. Marcelo Epperlein

M.D. Diretor Geral da UOL S/A

Li, estarrecido pela dose de preconceito, o parágrafo final da matéria publicada no site desta empresa no link abaixo indicado e assinada pelo Sr. Daniel Merolla (AFP):http://diversao.uol.com.br/ultnot/2006/05/13/ult32u13920.jhtm

O artigo, após tecer, não sem merecimento, grandes elogios à produção “Saltimbanco”, do Cirque du Soleil, termina a sua matéria de forma desastrosa, preconceituosa, ofensiva, maldosa e não condizente com o padrão de conteúdo que se espera de uma empresa como a UOL. Segue a transcrição do trecho final da matéria, o qual destila um desnecessário e lamentável preconceito:

(..) sem a violência, o medo e a crueldade do circo tradicional.

Esta afirmativa estimula o preconceito contra o circo (em sua quase totalidade já que isenta apenas uma companhia) e os artistas circenses atuantes em circos tradicionais. Os espectadores de todas as idades há gerações e gerações, vão ao circo em busca da alegria do palhaço, dos mistérios do mágico, das habilidades do malabarista, da beleza e suavidade das dançarinas, da superação de limites dos contorcionistas, trapezistas equilibristas, da inteligência dos cachorrinhos amestrados, cavalinhos dóceis e cordiais em seus cumprimentos à platéia. O circo tradicional também revelou grandes talentos da arte brasileira, na música, no humor e nas artes cênicas em geral. Possibilita a sobrevivência de um conjunto de artes, passadas de geração em geração, que reunidas e abrigadas sob uma lona proporcionam um lazer para toda a família. Além de tudo, funciona como um zoológico ambulante, pois leva aos mais remotos rincões do Brasil e do Mundo, exemplares de animais em sua grande parte jamais vistos ao vivo pelos moradores de localidades que não dispõem de um zoológico fixo.

Vincular, de forma preconceituosa, o circo tradicional ao “medo”, “crueldade” e “violência” é difamar em um veículo de grande expressão como a Uol, todos os componentes deste maravilhoso e belo universo. Causa danos morais e materiais ao circense tradicional ao transferir para a sua atividade este leque de preconceitos, não condizentes com o que foi acima exposto.

Neste momento em que o Ministério da Cultura, a Funarte, e diversas organizações representativas no Brasil, vêm se reunindo e se esforçando para estimular o circo tradicional e os segmentos das artes circenses, encontrar no site da UOL um eco a este assustador preconceito destilado pelo autor da matéria é algo desalentador e de toda forma lamentável.

Por este motivo e para que os danos materiais e morais à comunidade e aos artistas circenses se vejam cessados, peço a urgente tomada das devidas providências. Ressalto que é nosso interesse inicial resolver esta questão através da cordialidade e do diálogo que ora se inicia. Mas que as afirmativas que lançam contra o circo tradicional a preconceituosa pecha de “violento, cruel e inspirador de medo”, atingem moralmente a todos os artistas circenses tradicionais e tal agressão já começa a circular em listas de discussão destinadas à comunidade circense, com péssima repercussão. Desta forma, solicito especial atenção e celeridade na resolução do problema pelas vias do entendimento cordial ora solicitado.

Atenciosamente,

Felipe Rossini,

Bacharel em Direito

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