Um criado do barulho – da caixa de papelão aos palcos

Francisco Flaviano de Almeida, o palhaço Simplício, iniciou sua carreira de forma singela. Ainda criança, na cidade de Itu (onde nasceu) montava o “cirquinho” na rua onde morava e atraia um público formado, principalmente, também por crianças, que pagavam palitos de fósforos como ingressos para ver as palhaçadas dele.

Pretendo ainda escrever sobre a vida e a obra desse palhaço ituano que alcançou fama e notoriedade na televisão (inclusive sendo o responsável pela fama que a cidade carrega até hoje, de capital das coisas grandes) mas, por ora, basta sabermos que ao longo de sua carreira, montou muitas peças teatrais em circos.

Ele morreu em 2004 e todo o seu acervo de peças de Circo Teatro foi doado à Biblioteca Municipal de Itu. Quando soube disso, corri ao acervo dessas obras, em busca de material para meu foco de trabalho: as Comédias. Fiz uma triagem e pude copiar uma série delas – as que considerei mais próximas da linguagem com a qual gosto de trabalhar.

Um desses texto se chama “UM CRIADO DO BARULHO” e, assim que o li, tive vontade de montá-lo, em alguma ocasião. A oportunidade apareceu em 2009 quando, ao ministrar o curso de Teatro da Fundart (Ubatuba), propus aos alunos a montagem dessa Comédia. A idéia foi muito bem recebida pela turma (que já tinha um perfil cômico) e foram precisos apenas alguns ajustes no texto e uma pesquisa da linguagem interpretativa do Circo Teatro para que realizássemos a produção.

Com sucesso, apresentamos a Ubatuba uma comédia de Circo, escrita em 1951 e que estava arquivada em caixas de um rico acervo. Poder trazer o gênero à cidade foi um privilégio que saboreamos a cada gargalhada com que o público nos presenteava.

Reavivar bons textos antigos e conferir a perenidade e a contemporaneidade de suas estruturas dramatúrgicas e de suas piadas é uma experiência enriquecedora.

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