Circo – eterno tráfego de vida e sonho

Um dia por vez…todo dia…

Durante os três últimos anos o fotógrafo Jacques Antunes registrou o cotidiano dos Circos mambembes que circulam pela periferia de Fortaleza e a labuta dos proprietários e artístas na profissão de circense. Fotografou a rotina das famílias, antes e depois dos espetáculos, os preparativos para abrir o circo. Cada um cumpre sua tarefa na lida de dar início à função, começando pelo lado de fora da lona, chegando até o final do espetáculo, quando as luzes se apagam e os treillers dão abrigo a todos, até que tudo recomeçe outra vez no dia seguinte.

Nesse meio tempo muitos chegaram, alguns partiram, outros simplesmente se afastaram. Poucos, muito poucos, desistiram. Fomos construindo essa história com a participação do querido Trepinha, o palhaço mais antigo em atividade no Ceará, sr. Izaac, D.Rosa, e seus filhos ( World Circo), Motoka, Carlinha, Mariana e ( Circo do Motoka), Círio, Lúcia, seu filho Baratinha – o mais novo Palhaço do Ceará – e seu avô e companheiro de cena, o palhaço Pimenta ( Mirtes Circo), Cícero ( Circo Meridiano), J.Gomes ( Circo J.Gomes), Sr.Jacobrinha ( Capucho Circo), Lourdes (Tessalonisense Rei Circo), Garrafinha ( London Circo), Reginaldo ( Tropical Circo ), Junior ( Vip Circus), Flávio e seu pai, o capataz João Careca (Circo Show) , Lino ( Marlin Circo), o capataz Agenor, Jerileide e sua graciosa filha Jéssica, mágica e dançarina ( Circo Neves), seu Raimundo ( Circo Gleyse), Seu Luiz (Circo Alegria), Duarte e Carliane ( Circo Educativo), Zulene e Seu Bicolino, o doce e elegante palhaço que foi para o céu no meio desta caminhada.

Um dia por vez, o que as lentes registraram através do olhar sensível do fotógrafo agora está no livro que eu com muito orgulho ajudei a compor, escolhendo com o Jacques foto por foto, querendo editar todas elas mas compreendendo que o espaço finito das 110 páginas jamais comportaria o universo incrivelmente grande no qual adentramos.

Junto às fotos estão textos de circenses como a Dra. Ermínia Silva, historiadora e uma das coordenadoras do site Circonteúdo; de Silas de Paula, fotógrafo e amigo do Jacques desde o início da carreira há 25 anos; de Romeu Duarte; de José Alves Neto, Coordenador de Linguagens Artísticas da SECULTFOR; Fernando Piancó, Cordenador de teatro e Circo da SECULTFOR; Oswald Barroso, poeta e dramaturgo; e de Izabel Gurgel, jornalista, professora e pesquisadora das muitas histórias do circo. Generosos amigos que prontamente atenderam ao nosso convite para compartilhar esse trabalho. A todos eles o nosso sincero agradecimento por podermos agregar maior valor ao livro através de seus escritos.

Mais um belo trabalho do fotógrafo Jacques Antunes, comemorando os seus 25 anos de profissão. Eu reconheço em cada foto a sensibilidade que ele teve ao distinguir o momento certo de captar não somente uma imagem, mas o sentimento de cada artista, o desejo de cada um de se deixar eternizar no momento mágico do picadeiro. Pelo olhar do fotógrafo, vamos encontrar ainda o registro de um cenário para além do picadeiro, para além da ribalta. A montagem das lonas, o cotidiano das famílias, o interior de suas moradias improvisadas, o longo percurso pelos arredores da cidade, por diversos bairros cuja paisagem muitas vezes carente de beleza e viço, se enche de alegria e pujança quando se instala o circo.

Desejo que todos possam enxergar não somente a beleza das fotografias mas um espaço que possa projetar os circos mambembes e seus grandes artistas que incansavelmente, eternamente, um dia por vez, trafegam pela periferia de Fortaleza e pelo interior do Estado, invisíveis aos olhos da maioria da população, fincando junto com os mastros, a lona e o pano de roda, a certeza de que vale a pena sonhar da forma mais intensa, como diz Izabel Gurgel quando cita Guimarães Rosa em Grande Sertão Veredas: com coragem e alegria, com alegria e coragem.

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