Novos Tempos?

Texto publicado no blog do autor em 12.07.2010, http://magianasveias.blogspot.com/


Já notaram o marasmo que está a mágica? Tenho sentido a falta de algo especialmente novo e impactante… De uma hora para outra parece que o mundo parou.

Nas últimas décadas surgiram mágicos que marcaram época, ou ao menos animaram a rapazeada…
Dentre os que marcaram época tivemos Doug Henning e Copperfield. Dentre os que animaram a garotada Blaine e Criss Angel… Todos indistintamente me animaram também. É justamente por isso que eu digo:
– Tem que aparecer um novo maluco…

Copperfield ainda é genial, mas ele “já existe”. Será que leva mais mil anos para aparecer outro? Henning morreu ( e Richard Ross, Tommy Wonder, Patrick Page…). Blaine entrou numa onda de desafios que são marketing demorado e Angel tá no Soléil… Menos mal… pois os programas de TV estavam difíceis de assistir.

A Europa tá se perdendo em performances de cabaré. Isso me faz pensar se o circuito de festivais, nesse ponto, não estaria prestando um desserviço. Quanto bons mágicos de palco na Europa hoje têm cacife para segurar a platéia em um show sólo com dois atos longos e uma produção grandiosa? Desses quantos circulam para outros continentes?

E as convenções? Onde está a ousadia? Aprendemos uma receita… E tudo o que se faz é aperfeiçoá-la aqui e ali. Se dá certo pra que mexer?

O fato é.. Estamos navegando em águas calmas. Pena que isso enjoa…

Não sei se lamento a falta de produção crítica, um problema real na mágica. Já viu alguém ganhar dinheiro para ser crítico de mágica? No máximo ganha aporrinhação e inimigos… E não me venham falar de colunistas que fazem resenha de aparelhos livros e apresentações em revistas especializadas. Dependendo disso eles estariam mortos. De fome.

Temos que nos contentar com críticos de ocasião. O problema é que eles as vezes fedem a recalque. O cara que não consegue subir em um palco e ser artista acaba virando crítico não solicitado. E descarrega suas frustrações em quem consegue o que ele mesmo não é capaz. Ou seja… Nossa produção crítica, se é que podemos dizer que tal coisa existe, mais parece fofoca de vizinhas do que algo que mereça alguma dose de respeito ou tenha algum valor além de inflar o ego de quem escreve… O crítico verdadeiro é formador de opinião… Obrigatoriamente tem um público que respalda o que ele escreve, na hora de decidir se vai ou não a um espetáculo, por exemplo.

Já faz algum tempo o meu convívio é mais focado em outras expressões culturais que na mágica. Nunca abandonei minha raiz, mas salvo raras exceções o papo mágico tende a ser piegas. É FISM pra lá, Tamariz pra lá, vida alheia aqui, McBride ali, fofoca acolá, rotina do Beltrano, baralho assim e assado, preço disso ou daquilo… Haja saco!

De vez em quando surge um cara a despertar reações que vão de uma inveja doentia (a característica mais engraçada dos mágicos é a indisfarçável inveja) a uma admiração que beira o xiismo.

Mas cadê? O que há de novo? Será que ainda estamos na ressaca do Criss? Ou a contemporaneidade com Derren Brown não deixou que a coisa se tornasse uma tendência, como a anterior, que foi causada pela projeção de David Blaine?

Related posts

Circo, escuela de vida

circon

Corpo Bambu, uma arte simbiótica Reflexões sobre as experiências da Cia Nós No Bambu

Daniel Lopes

Convencion argentina de circo, payasos y espectáculos callejeros

circon